sexta-feira, 26 de setembro de 2008

A fuga da fome e da morte

Portinari sempre se considerou um trabalhador da pintura.trabalhava sem parar o tempo inteiro, o dia todo. Buscou incessantemente o pleno domínio de seu ofício de pintor.
Produziu, sabe-se hoje, cerca de 5.000 obras, entre pinturas murais, telas desenhos e gravuras, tendo explorado todas as técnicas em suas diversas possibilidades. Dono de um espírito empreendedor foi, sobretudo, um inovador, tanto na forma, como no conteúdo, passando por diversas transformações da prática pictórica ao longo de sua trajetória artística.
Como definiu Antonio Bento, amigo do pintor e responsável por um dos mais importantes e completos livros sobre ele. Candido Portinari: Realista ou Expressionista, na obra apresenta e conduz o olhar do leitor para: homens, mulheres e crianças, independentemente da técnica utilizada, são seres representados em suas características principais,cada um com sua compleição física particular,constituindo toda uma figuração que é visceralmente do artísta e do seu país.
O tema proposto para a exposição versa sobre os problemas sociais presentes no conteúdo dos trabalhos selecionados, os quais enfocam a realidade nua e crua dos habitantes de uma determinada região brasileira, caracterizada pela peregrinação pelo sertão.
Nota-se claramente a influência do cubismo, as roupas trazem formas geométricas fixas,representadas por quadrados e retângulos, pés e mãos dos retirantes trazem
uma das características marcantes de Portinari, o exagero,características essas devido ao fato do pintor ter imenso fascínio pelas mãos e pés dos operários, pés e mãos que ele desejava ter quando criança; os rostos não trazem claramente a expressão de tristeza, mas a dor ainda é presente.Portinari não perde apesar do tempo o perfil crítico e que denuncia a triste realidade do povo nordestino.
Doença e morte, pobreza e fome são pontos comuns na vida dessas pessoas. Portinari soube como ninguém passar tais sensações a cada um de nós, em cada uma de suas obras.
"Entre o cafezal e o sonho
O garoto pinta uma estrela dourada....
Entre o sonho e o cafezal
Entre a guerra e a paz....
Entre o amor e o ofício
Eis que a mão decide
A mão infinita.
A mão-de-olhos-azuis de Candido Portinari"
(Trecho de "A mão" de Carlos Drummond de Andrade,1962).
Sua principal obra foi deixar gravada para sempre, na história e na arte do Brasil, pinceladas sob um ponto de vista, muito particular, e o amor a sua gente, suas raízes e sua história.
"Foi um dos homens mais importantes do nosso tempo, pois de suas mãos nasceram a cor e a poesia, o drama e a esperança de nossa gente. Com seus pincéis, ele tocou fundo em nossa realidade.( Jorge Amado, 1997).
doença

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